Fabio Wajngarten
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A passagem do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten, pela CPI da Covid nesta quarta-feira (12) foi um banho de água fria nas expectativas do Palácio do Planalto de que o ex-auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ajudaria na narrativa de defesa do presidente.

Wajngarten foi convocado à CPI após entrevista concedida à revista Veja, quando relatou a negociação com a Pfizer sobre a aquisição de vacinas por parte do governo federal. À reportagem, ele também disse que a “incompetência” do Ministério da Saúde causou atraso na compra de vacinas contra a covid-19.

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Wajngarten afirmou que uma carta enviada pela empresa Pfizer permaneceu dois meses sem resposta do governo federal e de que houve paralisia do governo na compra de vacinas. Além disso, por supostamente ter mentido à comissão, o ex-secretário de Bolsonaro ouviu do relator, Renan Calheiros (MDB-AL) e de Alessandro Vieira (Cidadania-SE) a possibilidade de prisão por mentir à CPI.

Mentiras de Wajngarten

Wajngarten desconversou sobre assuntos ditos à Veja e foi acusado de mentir, quando negou que teceu críticas à gestão de Eduardo Pazuello. Apesar de ter chamado o ex-ministro de “incompetente”, ele afirmou à CPI que não sabe quem dificultou a gestão no Ministério da Saúde e, de forma abstrata, culpou a burocracia.

Depois, o ex-secretário de Comunicação negou, aos senadores da CPI, que ele mesmo tenha participado de tratativas para compra de vacinas com a Pfizer. Entretanto, à Veja, ele disse: “Então, eu abri as portas do Palácio do Planalto. Convidei os diretores da empresa a vir a Brasília. Fizemos várias reuniões. Fui o primeiro a ver a caixa que armazenava as vacinas a menos 70 graus”.

Ele também foi questionado sobre a comunicação do governo federal durante a pandemia. Reportagem da Agência Pública mostra que cofres da gestão Bolsonaro, investidos pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Comunicação (Secom), destinaram R$ 85,9 mil ao cachê de 19 “famosos” contratados para divulgar estas campanhas em suas redes sociais.

Entretanto, em janeiro deste ano, a Secom, ainda sob o comando de Fabio Wajngarten, contratou quatro influenciadores, que receberam um montante de R$ 23 mil para falar sobre “atendimento precoce”. A verba saiu de um investimento total de R$ 19,9 milhões da campanha publicitária denominada ‘Cuidados Precoces Covid-19’. À CPI ele confirmou os valores pagos, mas negou que houve ações de marketing em defesa do tratamento precoce. “Nunca aconteceu na minha gestão”, disse.

“O Brasil não pode parar”

O ex-secretário também foi questionado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sobre a campanha do governo federal “O Brasil Não Pode Parar”, contrária ao isolamento social, através de um vídeo que circulou em março de 2020, no início da pandemia.

O vídeo foi difundido por diversos ministros do governo Bolsonaro.

“Eu não tenho certeza se ele é de autoria da Secom, posso confirmar. O que eu tenho absoluta convicção é que em março (de 2020) o governo fez uma campanha sobre prevenção e sintomas”, disse Wajngarten.

O senador Humberto Costa (PT-PE) lembrou que a Secom emitiu um comunicado depois da divulgação da campanha dizendo que a campanha “tinha caráter experimental”. A campanha também foi publicada no Instagram da secretaria.