Em mais uma de suas manobras políticas, o senador bolsonarista Roberto Rocha (sem partido) defendeu nesta terça-feira (11) a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a denúncia de que Jair Bolsonaro (sem partido) montou um esquema de repasse de R$ 3 bilhões do orçamento para garantir apoio de membros do Congresso a seu governo.
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Aliado de longa data do presidente e autodeclarado pré-candidato do mandatário ao governo do estado, em uma reviravolta calculada, Rocha afirmou que o esquema, denunciado pelo jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira (10), precisa ser investigado.
De acordo com o Estadão, boa parte dos recursos autorizados pelo presidente foram destinados à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo, no que deverá ficar conhecido como “tratoraço”.
Jogo de cena
Com apadrinhados na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estatal que abriu caminho para a execução das verbas secretas, Rocha poderia estar buscando mais uma forma de garantir sua candidatura em 2022, enquanto atrai holofotes e mantém o controle da narrativa do escândalo durante o avanço das investigações, protegendo seu indicado no órgão.
O protegido de Rocha seria Antônio Rosendo Neto Júnior, indicado em junho de 2020 para a Diretoria da Área de Desenvolvimento e Infraestrutura da Codevasf. Antes de ingressar na estatal, Rosendo ganhou do senador o cargo de secretário-adjunto na Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e de diretor de Negócios do Banco do Nordeste.
O requerimento de Rocha
No requerimento apresentado, Rocha sugere que a Comissão deverá apurar “indícios de irregularidades consignados à conta do Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados, executados durante o ano de 2020 sob a rubrica ‘emenda do relator’ (RP9), seja por meio de transferências voluntárias ou por execução direta da administração central e suas unidades orçamentárias vinculadas”.
“Entendemos imperiosa a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para que o Senado Federal proceda à vigorosa investigação desses fatos, visando bem esclarecer a sociedade brasileira e, caso sejam constatadas irregularidades, recomendar aos órgãos competentes o indiciamento dos suspeitos”, diz adiante o senador maranhense.
Para ser instalada, uma CPI precisa das assinaturas de no mínimo 1/3 do Senado, ou seja, 27 senadores.
Ontem, integrantes da Oposição e da Minoria na Câmara recorreram ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que os dois órgãos analisem a denúncia. Além da CPI da Covid-19, instalada no Senado, deputados já falam na criação da “CPI do Tratoraço”.
Confira o pedido, na íntegra, apresentado por Roberto Rocha.