Ernesto Araújo
Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores pediu demissão após pressão do Congresso – (Foto: Gustavo Magalhães/MRE)

Parlamentares da oposição já iniciaram uma mobilização para que o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, seja convocado pela CPI da Covid-19 para explicar porque mobilizou integrantes da diplomacia brasileira para garantir fornecimento de cloroquina, mesmo após os alertas de ineficácia e o risco de efeitos colaterais da droga feitos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e entidades de saúde.

O ex-chanceler, que deixou o cargo no fim de março, após uma série de desgastes na política externa, deveria ser ouvido por senadores na próxima quinta-feira (13) a respeito dos incidentes ocorridos durante a sua gestão, mas teve seu depoimento adiado para a próxima semana.

Corrida pela cloroquina

No fim do domingo (9), o jornal Folha de S.Paulo revelou telegramas diplomáticos que comprovam a tentativa de negociação para importação da substância depois de Jair Bolsonaro (sem partido) falar em “possível cura para a doença” em suas redes sociais, em 21 de março de 2020.

A denúncia ocorre ainda após o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ter confirmado no último dia 4 de maio aos integrantes da CPI que Araújo e os três filhos de Jair Bolsonaro – o senador Flávio (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo (PSL-SP) e o vereador Carlos (Republicanos-RJ) – atuaram para barrar a negociação entre Brasil e China por insumos para combater a pandemia.

“Ernesto Araújo terá de explicar à #CPIdaCovid porque é o Ministério das Relações Exteriores, sob seu comando, fez várias tratativas com outros países para adquirir cloroquina e quase nenhuma para conseguir vacina”, afirmou o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS).

Diplomacia insana

Colega de Parlamento, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) chamou de “diplomacia insana” as tratativas lideradas pelo ex-chanceler bolsonarista.  

“Para Cloroquina, ineficaz e com efeito colateral, Ernesto Araújo mandou inúmeros telegramas e mobilizou Itamaraty. Para Vacina nenhum esforço, nem acompanhamento do que estava sendo feito lá fora.  Diplomacia insana, ideológica e criminosa a favor da morte”, disse, referindo-se às 11 vezes em que o governo negou a compra de imunizantes.

Sem fuga de Ernesto

Aumentando a pressão para uma nova convocação, o líder da Oposição na Câmara reafirmou a necessidade do colegiado discutir a situação diante das novas revelações.

“A CPI da Covid deve interrogar Ernesto Araújo sobre o escândalo revelado pela Folha de que o ex-chanceler mobilizou aparato diplomático do Brasil para garantir fornecimento de cloroquina, mesmo após a OMS ter alertado sobre a ineficácia da substância contra a Covid”.

Ao blog do jornalista Gerson Camarotti, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), suplente da CPI, afirmou que também irá apresentar um requerimento para a comissão investigar a denúncia.