MST
João Pedro Stedile, dirigente nacional do MST – (Foto: Rafael Stedile/BdF)

Em entrevista divulgada pelo jornal Folha de São Paulo no fim dessa segunda-feira (3), o dirigente e fundador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, afirmou que só a burguesia, que ele vê como responsável pela chegada ao poder de Jair Bolsonaro (sem partido), pode tirá-lo da Presidência.

“Bolsonaro é presidente não por força própria. É o espelho da burguesia brasileira. Quem botou ele lá foi a burguesia, a Globo, porque não queria o PT. Nas circunstâncias em que estamos vivendo, de crise econômica, social e sanitária, só uma coisa pode tirar o Bolsonaro de lá: a burguesia”, disse.
“A burguesia agora está pensando se é melhor deixar que o Bolsonaro vá definhando enquanto ela encontra um nome de confiança, que eles estão chamando de terceira via, ou se é melhor derrubar logo o Bolsonaro, passar um ano e meio com o [vice Hamilton] Mourão e aí disputar eleições”.

Lula em 2022

Sobre o retorno do ex-presidente Lula (PT) à cena eleitoral, o economista declarou que a decisão do Superior Tribunal Federal (STF) sobre sua elegibilidade “colocou um bode na sala” para a elite, que estaria indecisa entre deixar Bolsonaro definhar no cargo ou mantê-lo até as eleições de 2022, enquanto busca um nome de terceira via.

“A burguesia percebeu que o Bolsonaro é um insano e não tem viabilidade, mas não decidiu ainda derrubá-lo porque a devolução dos direitos políticos do Lula colocou um bode na sala. O Lula está no segundo turno”.
“Acho que a burguesia ainda não chegou a uma decisão de qual tática é melhor. Está atordoada, confusa e dividida, entre uma direita burra, que ainda aposta tudo no Bolsonaro, e uma direita gourmet, que está envergonhada dele e ainda não criou coragem para tirá-lo. Se fosse com a Dilma, ela já teria sido crucificada, não é nem afastada”.

MST e a Reforma Agrária

Ao longo da conversa, Stedile também fez críticas ao governo Bolsonaro pela inoperância na reforma agrária, fez queixas sobre a atuação dos governos do PT para condução do assunto e condenou o tratamento dado pela TV Globo à atuação do MST, responsabilizando-a indiretamente pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).