Em entrevista ao programa Roda Viva, exibido pela TV Cultura na noite dessa segunda-feira (3), o presidente da CPI da Covid-19 no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que há consenso sobre a postura negacionista do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), durante a pandemia.
“O presidente, desde o primeiro momento, foi negacionista – e todo mundo sabe disso”, disse Aziz. “[O presidente] estimulou aglomerações, achava equivocadamente que poderíamos sair dessa pandemia com a imunização de rebanho e isso não aconteceu.”
Ele declarou ainda que os equívocos cometidos pelo mandatário ‘precisam ser reavaliados’ e que é preciso ser feita uma autocrítica destes erros, ‘que custaram ao Brasil muitas vidas’.
Esquivando-se de críticas diretas às possíveis falhas cometidas por membros das Forças Armadas no combate à doença – sobretudo durante a gestão do terceiro ministro da Saúde, Eduardo Pazuello -, Aziz disse que, se necessário, a Comissão poderá recorrer a acareações entre ministros e membros e ex-membros do governo, assim como a participação de governadores.
Questionado se a comissão poderá definir o impeachment do presidente, o senador amazonense considerou não ser o momento para este debate.
“É muito precipitado uma investigação que nem começou atribuir penalização e processo de impeachment”, retrucou.
CPI começa a ouvir ex-ministros
Nesta terça (4), a Comissão que investiga a suposta omissão de Jair Bolsonaro durante a crise sanitária ouvirá os depoimentos dos ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que deixaram o cargo após uma série de divergências sobre os protocolos adotados na crise sanitária.
O depoimento de Mandetta, que deixou o governo abrindo fogo contra Bolsonaro, deve esquentar os trabalhos da CPI e mobilizar membros da equipe do Planalto para a defesa presidencial.
Na quarta-feira (5), a Comissão ouvirá Eduardo Pazuello, terceiro ministro a deixar a pasta. Ele será o único ministro ouvido pelos senadores na sessão.
A expectativa é que os senadores o questionem sobre a política de aquisição de vacinas, o colapso de oxigênio em Manaus e as políticas de comunicação do governo sobre isolamento social e uso de máscaras.
Na quinta (6), parlamentares também pretendem ouvir ainda Marcelo Queiroga e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres. Todos foram convocados na condição de testemunhas, o que significa que eles têm o dever de comparecer às reuniões.