A política maranhense segue episódios de profunda contradição e ausência de compromisso público. Desta vez, o aumento do ICMS, aprovado na Assembleia Legislativa, trouxe à tona a incoerência do deputado Dr. Yglésio Moysés (PRTB) e a covardia da deputada Mical Damasceno (PSD), os dois únicos representantes do bolsonarismo na Assembleia. A medida, que eleva a alíquota do imposto para 23%, posiciona o estado com a mais alta carga tributária do Brasil.

Enquanto a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Maranhão (Fecomércio-MA) e a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Maranhão (FCDL-MA) alertam para o impacto devastador da medida sobre a economia estadual, Yglésio não só votou a favor como também assumiu o papel de defensor do projeto. O mesmo deputado que criticou ferozmente o ministro Fernando Haddad, chamando-o de “Taxad” por suas políticas fiscais no âmbito federal, declarou ser um verdadeiro “cão de guarda” do governador Carlos Brandão (PSB) ao estabelecer o aumento do ICMS.

Mais uma vez, Yglésio declarou que sua coerência é, no mínimo, seletiva. Ele tentou desviar o foco ao acusar outros parlamentares de hipocrisia, criticando benefícios fiscais a empresas familiares, mas deixou de justificar como seu discurso de austeridade casa com seu apoio a uma medida que penaliza consumidores e comerciantes maranhenses.

Já a deputada Mical Damasceno optou pelo caminho mais fácil: fugiu da sessão, evitando qualquer exposição ao debate. Sem considerar a sua ausência, Mical deixou os maranhenses sem resposta num momento crucial. A covardia política foi, sem dúvida, sua contribuição mais marcante para o episódio.

A postura de ambos os deputados contrasta com suas supostas bandeiras de defesa do povo e oposição a políticas fiscais agressivas. A incoerência de Yglésio e a omissão de Mical apenas reforçam o desalento da população maranhense com representantes que falam uma coisa, mas praticam outra.

Agora o governador Carlos Brandão comemora o aumento da arrecadação, consolidando um governo que aposta na tributação como solução, enquanto o cidadão comum paga a conta de um estado com a maior alíquota de ICMS do país.

Entre a retórica vazia e o silêncio ensurdecedor, Yglésio e Mical se colocam como símbolos de um jogo político onde o interesse popular, mais uma vez, ficou em segundo plano. Enquanto isso, o Maranhão paga a conta. Literalmente.