O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) sofreu mais uma derrota nesta terça-feira (27) após o Senado Federal confirmar os nomes de Omar Aziz (PSD-AM) como presidente, de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator, e o líder da Oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), como vice-presidente da CPI da Covid-19.
A configuração da mesa seguiu o acordo previsto há cerca de dez dias e se manteve apesar dos protestos de bolsonaristas e das tentativas da base governista de incluir nomes de aliados entre os integrantes do colegiado que vai apurar as falhas e negligências do Planalto durante o combate à pandemia.
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Instalada, a Comissão deverá se tornar uma “pedra no sapato” de Bolsonaro e em seus planos de reeleição em 2022, ao convocar pessoas, testemunhas, solicitar a análise de documentos e determinar diligências para a responsabilização civil e criminal daqueles que atuaram com descaso no controle da doença.
Justiça garantiu Calheiros como relator
Nesta terça, menos de 24 horas após atender a um pedido da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) para suspender a escolha de Calheiros como relator, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) derrubou a decisão sob a alegação de que esta atentava contra a separação de poderes.
Durante a votação no Senado, Omar Aziz recebeu oito votos de 11 votantes, incluindo do senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos principais líderes do Centrão e atual base aliada do Planalto no Congresso. Após eleito, Aziz cumpriu a promessa já feita e indicou Renan Calheiros como relator. Já o nome de Randolfe foi confirmado como vice depois de receber sete votos favoráveis e quatro titulares votaram em branco. Ele foi o único candidato à vaga de vice-presidente.
Apelo de Weverton
Na sessão que confirmou a derrota do Planalto, o senador Weverton Rodrigues (PDT-MA) fez um apelo para que a Casa foque na resolução dos problemas mais urgentes do povo brasileiro, como a saúde e a fome que voltou a assolar o país.
“Precisamos construir soluções de forma propositiva. Temos uma série de problemas que precisam ser resolvidos com urgência, como a fome, o desemprego e a vacinação da população. Os brasileiros querem respostas e soluções e nós seguiremos trabalhando para apresentá-las”, declarou o parlamentar.
Quase 400 mil mortos pela Covid-19
Já como presidente eleito, Aziz defendeu os trabalhos sejam conduzidos de maneira “transparente” e “técnica” e afastado do embate político.
“Não dá para discutir questões políticas em cima de quase 400 mil mortos, eu não me permito fazer isso. Eu não me permito porque, infelizmente, eu perdi um irmão há 50 dias e eu não viria para uma CPI dessas querendo puxar por um lado contra outro. Não haverá prejulgamento pela minha parte”, reforçou.
Aziz disse que os próprios senadores estão sendo julgados e que a Covid-19 “não tem cor” nem “classe social”.